Após apresentar e analisar alguns casos inspiradores de CEOs ativistas, seguem algumas reflexões específicas sobre o desafio dos líderes empresariais da América Latina ao assumir papéis de ativistas que pensam na sustentabilidade de suas empresas.
PRIMEIRO.
Ouvir e interpretar adequadamente as conversas relevantes dos cidadãos para saber quais são as necessidades da sociedade e desenvolver um ativismo que traga respostas. A sociedade expressa suas preocupações por meio de suas conversas. No cenário atual, é imprescindível estabelecer mecanismos de diálogo para identificar e interpretar adequadamente essas conversas, de modo a desenvolver um ativismo que dê respostas às preocupações sociais. Esse diálogo permitirá às empresas e seus CEOs, entre outras coisas:
a.
Estabelecer uma estratégia de diálogo que dê resposta às preocupações sociais e, dessa forma, seja relevante para a sociedade em que opera. Ter capacidade de desenvolver políticas e programas que tratem de questões sociais de forma coerente com os valores da empresa e as preocupações da sociedade.
b.
Identificar mudanças sociais que permitam atualizar e reorientar a estratégia de ativismo, quando necessário, para que ela continue válida ao longo do tempo. Ser capaz de prever mudanças nas expectativas sociais.
c.
Ser capaz de identificar e administrar possíveis riscos à reputação associados a questões sociais, o que é essencial para decidir quais causas sociais apoiar.
d.
Poder encontrar espaços de posicionamento que destaquem a empresa de seus concorrentes, posicionando-se como líder em temas sociais
SEGUNDO.
Envolver os funcionários. O CEO deve inspirar os colaboradores para que eles também vivam os valores de sua empresa, seu propósito e as causas que apoiam. E canalizar esse alinhamento por meio de um programa de embaixadores. Um programa de embaixadores é uma forma estruturada de os funcionários compartilharem seu apoio ao ativismo social de seus CEOs em suas redes pessoais. Assim, os colaboradores podem ampliar o alcance e o impacto do ativismo do CEO, ajudando a conscientizar e apoiar causas importantes. Além disso, esse programa pode ajudar a criar um forte senso de comunidade e companheirismo na empresa, unindo e organizando os funcionários para apoiar uma causa comum. Ter um programa de embaixadores traz inúmeras vantagens para que ativismo do CEO seja eficaz. Em primeiro lugar, ajuda a garantir que a mensagem do CEO alcance um público amplo. Em segundo lugar, cria um senso de união e propósito na empresa. Em terceiro lugar, pode ajudar a criar apoio social para o ativismo social do CEO, graças à credibilidade e autenticidade dos funcionários ao falar sobre suas empresas.
TERCEIRO.
Estabelecer relacionamentos e incentivar conversas e participação do cidadão. Use e aproveite seu ecossistema digital. "Hoje em dia, o silêncio é criminoso. O silêncio é tão ruim quanto fazer o mal, especialmente quando você representa uma empresa, uma marca, uma comunidade. É preciso se envolver", diz Hamdi Ulukaya, CEO da Chobani. Evoluir de simplesmente opinar ou agir de forma discreta para comunicar ativamente e promover conversas sobre temas relevantes para a sociedade, tornando públicas suas decisões e, assim, promover mudanças em grande escala. Os CEOs ativistas têm a oportunidade de facilitar espaços para conversa e co-criação cidadã para que seu ativismo tenha um impacto maior e melhor. Criar um contexto de conversa, debate e diálogo aberto sobre os temas que mais preocupam a população posiciona os CEOs como os líderes que contribuem com a sociedade e a orientam em seus grandes desafios. Esse tipo de iniciativa reforça a legitimidade do ativismo do CEO, pois envolve as comunidades que, ao enriquecer e contribuir com o debate sobre um tema específico, estarão mais dispostas a aceitar a abordagem dos responsáveis e de sua empresa. Entre outros efeitos positivos, essas iniciativas:
a.
Ajudam a desenvolver confiança e credibilidade na empresa.
b.
Permitem mais comunicação e um compromisso bidirecional com a sociedade.
c.
Ajudam a criar soluções mais inovadoras e eficazes para os problemas.
d.
Criam um maior senso de comunidade e propósito compartilhado.
e.
Aumentam a percepção de transparência e responsabilidade das empresas.
f.
Podem atrair a atenção e gerar cobertura da mídia.
g.
Podem ajudar a mobilizar as pessoas a agir